29/11/2005

É muito simples e fácil de explicar...

Procuro palavras simples para aquilo que quero dizer, mas a esta hora nada é fácil ou simples. Sinto as pernas frias, consequência inevitável de ter saído do banho e só ter vestido uma camisola e as inevitáveis boxers. Faço uma pequena selecção de 10 músicas que tenho perdidas no computador, umas já gravadas, outras por gravar e outras ainda que tirei porque sim. - começa “Aqui tão perto de ti”, dos Donna Maria - Quero deitar-me quando o pseudo-cd acabar de tocar – 43 minutos. Hum... É melhor tentar ser mais rápido, amanhã pode vir a ser um dia… nem sei que tipo de dia se poderá tornar o amanhã. Provavelmente, será igual a todos os outros, movimento de dia, desconsolo à noite, como se faltasse qualquer coisa. E eu sei que falta, seria tudo tão mais simples se não faltasse, mas falta e mais do que eu queria… - começa “You’re beautiful”, de James Blunt. Maldita frase final… - … porque já há muito que não sinto a paz de deitar a cabeça na almofada e adormecer imediatamente. Às vezes, conto os nós do tecto ou fico a pensar no “Daniel” e se aquela história alguma vez passará de prólogo e de conto. Por vezes lembro-me de "encomendas" como "A vida dos bonecos", mas não consigo desenvolver o meio da história, desculpa, .J., é mesmo a única parte que falta, mas não sai mais nada! – começa “Boulevard of broken dreams”, dos Greenday – A maior parte das vezes… confesso que fujo. Refugio-me em mundos que crio até ao mais ínfimo pormenor, desde a quantidade de países à cultura de cada povo. Faço-o desde pequeno, quando não me sinto satisfeito e esse é um dos motivos porque, por vezes, me auto-diagnosticava um certo autismo… Mais um gomo… - começa “Shine on”, dos Blind Zero – Agora percebo que tudo não passa de cobardia. É tão mais fácil fugir e começar tudo de novo! Não interessa, consciente e perante o mundo, sou imperturbável e qualquer ocasião em que os olhos estejam inchados e vermelhos deve-se apenas a alergias, mais nada. Que mais poderia ser? – começa “Fix you”, dos inevitáveis Coldplay. Que raiva não ter conseguido bilhete para Lisboa!!! – Afinal de contas não me falta nada. Espera… acabei de me lembrar de Alcobaça… Não posso mentir mais, já me trouxe problemas que chegue. Alcobaça… Não foram só os The Gift que saíram de lá. Não, houve uma série de demónios, fantasmas, recalcamentos, o que quiserem, que saíram de lá. E ainda que tenham morto a criatura que os escondia, ajudaram a criar o Estranho, numa versão próxima da que agora escreve este texto, mas esse é um gomo grande demais para contar e explicar aqui e agora. - começa “Speed of sound”, outra vez dos Coldplay?! Calharam juntas… - E agora me apercebo que já falei 2 vezes em gomos e não expliquei! Há alguns dias (ou semanas…) comentei com um amigo e colega bloguista que ele não podia esperar que eu contasse tudo o que penso, sinto ou vivo (ele queixou-se de não saber praticamente nada da minha vida académica). Ele teria que me ver como uma laranja: uma casca grossa por fora (e por isso é que tanto ele como as pessoas que ele não conhece, mas que fazem parte da minha vida, demoram tanto tempo a conhecer-me – a turma com ele, um ano; a turma com a nenuco, quase dois…) e muitos gomos individuais por dentro (que, como são individuais, não sabem de nada do que se passa nos gomos ao lado, apenas que eles existem…) – começa “So here we are”, dos Bloc Party – De qualquer maneira, como estava a dizer, Alcobaça não me deixa mentir, falta-me qualquer coisa. E acabei de me aperceber que mesmo que quisesse mentir, não conseguiria, o início do texto desmentir-me-ia… Isto é tudo sono, amanhã passa. Ou piora… - começa “Quase perfeito”, dos Donna Maria. A vocalista é lindíssima! - …, porque não sei ao certo o que esperar, como me preparar, o que mentalizar e isso inquieta-me e não me deixa dormir. Por isso é que estou aqui, às voltas, sem saber o que escrever porque quero falar, mas não revelar o que quer que seja (a questão dos gomos é quase patológica, lamento…) e a verdade é que também é tudo muito confuso para – começa… gaita… começa “Who are u?”, de David Fonseca… - …Bolas… Como eu dizia, é tudo muito confuso para mim também. Não sei ao certo o que procurar, apenas o que quero ou sinto precisar. Paixão. Amor. Recíproco. Incondicional. Avassalador. Reconfortante… Bolas, fico piegas nestas alturas… E carente… Só espero não chegar ao ponto da Chloe, do Fight Club, e desatar a oferecer sexo a desconhecidas! Pensando melhor, isso se calhar até nem é má ideia… Mas acho que ia ter tanto sucesso como ela (para quem não conhece, nenhum!). - começa "Problema de expressão", dos Clã. Confesso que escolhi esta como última por motivos óbvios (digo eu) - Não sei o que dizer apenas porque não sei o que sentir, essa é a grande verdade. Se fossemos máquinas, teríamos botões de ligar e desligar, mas, estupidamente, não temos. Vivemos demasiado na dúvida em relação aos outros, criamos joguinhos estúpidos e por vezes infantis para avaliar o que se passa na cabeça dos outros e tantas vezes nos enganamos… Passamos uma vida inteira às cegas, a caminhar na escuridão e tantas vezes não nos apercebemos das luzes que passam porque estamos a tentar perceber o esquema dos fios eléctricos. Tantas vezes nos falta a visão e as palavras porque simplesmente temos medo de ver e de dizer o que sentimos e lá canta a Manuela Azevedo “Não digo o que estou a sentir! Digo o contrário do que estou a sentir!”… E quando as coisas correm mal… Pensamos no que devíamos ter dito, no que não devíamos ter mostrado, no que devíamos ter feito…

É assim tão difícil dizer Amor?

5 comentários:

.j. disse...

esquece o meio.fica só com início e fim.

polegar disse...

não é difícil... saboreia a palavra, quando a respirares, terá sido dita... AMOR
a tua selecção musical... sem palavras. tiras-me os sentimentos do peito com tanta intensidade. beijos grnades

pinky disse...

como eu entendo os gomos, acho que difícilmente alguém me conhece na totalidade, é mesmo assim, ao gomos, que a maioria das pessoas me conhece, não sei pk, mas é assim.
o vazio surge depois da intensidade, e logo de seguida, a seu tempo há-de vir nova onda de energia e intensidade.
o melhor é não pensares muito que te falta algo, não amargures em desespero, algo há-de surgir como um furacão quando menos esperares, aproveita para respirares fundo e ganhares fôlego.
as coisas melhores acontecem inesperadamente, quanto mais pensamos no que nos falta, mais desesperados ficamos e esse desespero, além de transparecer parao exterior, ás vezes cega-nos, proibi-nos de vermos o que nos passa pela frente.
queres um conselho? sê sempre tu, sempre verdadeiro, diz sempre o que pensas e o k sentes, tens mais probabilidades de seres feliz e de teres sucesso.
um beijo grande com desejo de muita sorte para a tua caminhada.

Luz disse...

Há um largo, que agora foi arranjado e onde dantes passava uma estrada; um largo remexido ultimamente por máquinas de fazer obras, guardado por um edifício religioso simpático que os gaurda lá dentro, nas suas caminhas trabalhadas de pedra.
Há também, mesmo à entrada, depois das escadas, um estranho pedaço esculpido de ferro, com o nome deles e, cravado a fogo, «até ao fim do mundo».
Amor... «That´s the reason why, you don´t have to go»
InÊs

O Estranho disse...

Olá geral...
Joana - nunca ouviste o piropo que no meio é que está a virtude?...
Polegar - Não me custa nadinha dizer essa palavra quando tenho esse sentimento, mas parece que cada vez mais a palavra ganha significado em detrimento do sentimento... Será dos casos amorosos tipo troca-de-parceiro-como-se-não-houvesse-amanhã do "Morangos com açúcar"?! Ou serei eu demasiado antiquado para arranjar alguém com quem partilhar o resto da vida? Ou pelo menos por uns anitos...
Pinky - os gomos... suponho que sejam mecanismo de defesa... Tipo jacto de tinta dos polvos e chocos... :)
Luz/Inês - Esse largo e principalmente esse pedaço de ferro soam a algo saído da 5ª dimensão! Tens a certeza que existem?!:) PS: bem-vinda...

Engraçado, fala-se de amor "simples e fácil de explicar" e aparecem 4 mulheres a comentar! Ainda que a primeira nem se tenha pronunciado sobre essa coisa pouco pseudo que é o amor... :p