01/03/2010

Absinto para te ver, whisky para te apagar. Bebo-os à vez. Apareces-me à frente, o cabelo num nó na nuca. Corto-to. As tuas mãos, de dedos esguios. Tapo-as. A tua barriga branca… A minha boca torna-se o copo, o estômago há-de tornar-se a garrafa. Ainda a tua barriga, a fervilhar de vida… Não sei qual engulo, se a bebida que me faz ver-te, se a que me faz apagar-te. Mais. Preciso de mais, muito mais. O Poe diz-me para ter calma. O Byron ri-se, do outro lado da mesa, a mão na perna da empregada. Sou muito novo ao pé deles. Se me perguntarem por que escrevo, vou mentir. Mas a verdade é que escrevo porque preciso que me vejam. Preciso de me lembrar que estou vivo. Escrevo porque não me resta mais nada. A barriga, cheia de vida…

1 comentário:

Anónimo disse...

É complicado conhecermo-nos, não é menos saber o que fazer com esse saber de nós mesmos...
É a nossa vida. Para quê?