01/04/2006

Será que os gatos têm alma?

A Fofinha era branca. Uma gata que, logo à primeira vista, se percebia ser muito dona do seu nariz. Brincava quando queria, com quem queria e como queria. Foi a senhora da casa durante 13 anos (ou talvez mais. Confesso que já não me lembro da minha idade quando a raptámos da mãe) e conheceu, ao longo da vida e à medida que eles se “sucediam”, 2 cães do tamanho dela, 1 ligeiramente maior e 1 serra da estrela bebé que já era do tamanho dela (este último da minha irmã). Bateu e arranhou todos! O Puki (o ligeiramente maior) sangrou da primeira vez que se viram, mas entrou em depressão quando tivemos de a levar ao veterinário para ser abatida.

A 26 de Novembro de 2003, escrevi um texto chamado “Adeus” que só seria “publicado” a 31 de Agosto de 2004, neste blog. Era de noite, já muito tarde e lembro-me de, na manhã seguinte, ter ido para a faculdade, com o peso do mundo nos ombros e o gelo dos pólos no coração. O Faísca, para quem se destinava o “Adeus”, tinha morrido, não chegando sequer ao primeiro aniversário. “Faísca” era um nome perfeito para ele, riscas cinzentas e um feitio arisco indomável. Atravessou a rua sem olhar. O Puki foi o primeiro a aperceber-se do berro do amigo e quase não nos deixava abrir o portão. Tive de o arrastar para a berma, enquanto ele me morria nas mãos.

Há um mês, o Matias, o gato da vizinha e melhor amigo da Pantufa, foi atropelado à porta de casa. A minha vizinha, por entres vómitos de choque e lágrimas de tristeza, pediu-me para ir ver se era mesmo ele e para o tirar da estrada. Era ele.

A Pantufa era preta (e branca por baixo). Encontrei-a hoje, estendida num caminho nas traseiras da minha casa. Também não chegou a fazer um ano de vida. Era meiga (apesar de vadia! Adorava passar o dia fora de casa.), miava muito e saltava para o colo de toda a gente, mesmo que não conhecesse. Encontrei-a já fria e dura, com moscas a rodeá-la, mas sei que morreu esta manhã, depois de, provavelmente, ter comido o que não devia: o Puki não se calava, encostado ao muro, a ladrar na direcção da amiga. Sentei-me em frente a ela, as mãos na cabeça, sem saber o que fazer nem o que dizer à minha mãe. Peguei nela e embrulhei-a num pano que a minha mãe me estendeu.

5 comentários:

Damon disse...

Não existem amigos sem alma, tal como não existem amigos sem coração ou sem sentimentos. Tal como não existem amigos que não deixem saudades. Tal como não existem amigos humanos e amigos caninos e amigos felinos, etc. São simplesmente amigos. Presentes, mesmo que ausentes.

Anónimo disse...

sei q tenho andado calado, mas não por muito longe... e aqui caio, qual vítima: aqui vão 5 manias.

1 - anotar coisas, aparentemente, sem ncessidade de serem anotadas, porque supostamente são fáceis de lembrar.
2 - lembrar-me de que me esqueci de algo, mas não sei bem o quê.
3 - não dormir na noite da madrugada em que vou viajar porque só consigo pensar no avião, não pelos melhores motivos.
4 - limpar o quarto qdo estou com algum problema, por achar que se o limpar são problemas a menos que tenho de resolver.
5 - brincar com as chaves nos dedos para te-las semptre por perto, com medo de as perder, pois são um elo de ligação psicológica à casa.

Brasil

polegar disse...

amigo é amigo. e estes são daqueles que ficam. já tive muitos que partiram. de repente ou não, todos foram dores. são todos e as suas almas estrelas pequeninas, daquelas que nunca se apagam. beijinho.

pinky disse...

ai q até me doeu a mim, foi por essas que deixei de ter animais, doi demais!
claro q todos os animais têem alma, pelo menos assim o acho, qt mais leio mais certezas tenho disso.

Anónimo disse...

Se a alma humana pesa 21 gramas... a alma de um animal de estimação deve pesar muito mais...