07/06/2005

Há muito, muito tempo...

...era eu uma criança. E amava-a. Pensei em escrever uma mensagem aos amigos; confessar-lhes que, apesar de tudo o que possa dizer ou mostrar, a verdade é outra. Claro que todos sabem exactamente aquilo que penso e sinto, lêem-no nos meus olhos. Mas são suficientemente educados para saber que aquilo de que eu não falo, é para ser mantido em silêncio, sou eu que tenho de tomar a iniciativa de dizer: "Sabes, eu ainda gosto dela... Na verdade, não há um dia em que não pense nela, em que não me lembre de como ela é uma pessoa incrível! Eu sei que é um cliché estar a dizer que a pessoa que amo é formidável e tudo o mais, mas, quando penso nela, mesmo depois das coisas estúpidas que ela tem feito para se vingar, não consigo deixar de sentir que fiquei sem uma pessoa que realmente me faria feliz. Mesmo quando penso noutras pessoas, quando tento afastar um pouco as saudades a dizer “Olha, aquela é mesmo gira! Será que a posso levar para casa?”, a verdade é que, invariavelmente, acabo a noite a pensar nela. Vidas!”; e então volto a calar-me sobre este assunto, durante meses. E durante meses, eles, os amigos, sabem que não é suposto voltarem a tocar no assunto, porque a única resposta que teriam, seria um evasivo “Acho que ela está bem, mas já não falamos há meses, desde Janeiro…”

A verdade é que ainda a amo. A verdade, e cometi o erro de o admitir perante ela, é que tenho a certeza que um dia vou conhecer alguém que, olha, pronto, até gosta de mim, e, ok, eu também gosto dela, e, que remédio, lá nos vamos casar/juntar/amancebar/viver em pecado e ter filhos, e eu vou amar muito essa família porque vai ser a minha família, mas, infelizmente, os fantasmas dela, da Rita e do Miguel vão estar sempre lá.

Apetecia-me mandar isto a uma pessoa que normalmente leva com estes desabafos a horas tardias, mas essa pessoa, em princípio, está com o namorado que veio uma semana de férias do seu emprego de 3 anos na Bélgica… Nem tenho coragem de incomodar...

Também me apetecia sair de casa e desatar a correr, como um maluco, a correr sem parar, a toda a velocidade, com saltos pelo meio, até chegar a uma rua que percorri bastantes vezes acordado, mas muitas mais em sonhos… Mas está muito calor para isso.

Ainda a amo, sim, mas, porra, não posso estar há espera que isso passe. E ela também não. Porque senão nunca mais falamos um com o outro! Acho que ela está bem, mas já não falamos há meses, desde Janeiro…

4 comentários:

Anónimo disse...

Não me incomodas nunca...
Estranho estar a ler o teu blog logo na manhã seguinte...
Ao percorrer as linhas deste texto senti que te incomoda que te pergunte: "Tens falado com ela?" ou "Sabes algo dela?"
É que apesar de um dia se suceder ao outro, sei que quando a noite chega torna-se mais difícil não pensar!!! Apesar de parentares que está tudo bem, a noite não perdoa "o julgamento com a Deusa" ;)

Beijinhos

Damon disse...

Há mais pessoas que não se importam de te ouvir e se não tocam mais vezes nesse assunto, é por acharem que podem estar a mexer em matérias-fantasmas semi-adormecidas...

O Estranho disse...

Lá está, já sabem que sou eu quem coemça essa conversa...

polegar disse...

outras pessoas há que parecem pouco ou nada ter efectivamente a ver contigo. os únicos laços que nos unem são virtuais, e, por isso, talvez invisíveis, não fiáveis. os textos são bonitos, comenta-se, dizem-se duas palavras de apoio e passou. não há interesse real, só virtual. eu não sou assim. se algum dia quiseres falar de quem não vês desde Janeiro, das dores, das noites compridas, da almofada vazia, sabes quem sou.