23/03/2009

O meu Porto

Ó Porto, cidade de becos e ruelas, de estradas, caminhos, artérias de paralelo calcado e gasto que nos empurram para o rio. Ó cidade de gritos, despreocupados, grosseiros, talvez, mas genuínos, verdadeiros e humanos. E, ó cidade de prédios-ruínas, calcados e gastos como as estradas, antigos como o tempo e esquecidos como os velhos, áridos e abandonados ou ao abandono. Ó cidade pobre, sem respeito que não para com as suas gentes e para com as gentes que procuram simpatia, que procuram a quem tratar por “freguesa” ou “chefe” e dizemo-lo com sotaque, sim, mas quem o não tem? Ó cidade cinzenta e velha, efervescente de um orgulho mal contido, o que esperas? De que te serve a vergonha, o medo, o querer e não fazer? Quem te vai valer, ó cidade desgraçada, se não tu própria e os teus? Para quando o abanão, o grito e o clamor de que o teu nome veio antes de Portugal? Agarra as tuas gentes e prende-nos, amarra-nos a ti, mesmo que o mar nos engula. Prende-me, ó cidade suja e perdida, porque é assim que me sinto, do alto dos Clérigos, do fundo dos Aliados, a olhar para o rio, à espera do comboio, no (extinto) Palácio de Cristal, em toda a parte em ti, pequeno como um fungo, agarrado a ti como um cogumelo! E daqui nunca sairei! Antes a morte!

1 comentário:

pinky disse...

um beijinho de boa páscoa da minha lisboa para o teu porto!