20/04/2006

Saudade

O vento sopra, pela janela, e a minha pele arrepia-se. Não me traz risos distantes, como pedi há uns tempos, via e-mail – sim, eu sei que já respondeste, é só para me situar. Não, traz-me só arrepios e o som da chuva, que, agora sim, ouço bem. Tenho um novo amigo entre os vultos, essas figuras de efeitos de luz e de sombra e talvez algo mais que poderá ou não estar só na minha cabeça, tenho uma lágrima no olho e não me apetece agora essas discussões. Este novo amigo é pequeno, aparece junto ao chão, e vem quase sempre do mesmo lado, da direcção da porta. Tem duas saliências em forma de V invertido na cabeça e é esguio e eu juro que consigo vê-lo distintamente pelo canto do olho e sei quem é. O meu coração dispara nessas alturas. Viro a cabeça depressa na ânsia de lhe ver as patitas, finas e rápidas, mas não está lá nada. Por vezes, quando estou em frente ao computador, levanto um braço e digo "anda", à espera de ouvir miar como resposta, mas o vulto desaparece, em vez de me saltar para o colo, e é nessas alturas que me lembro… Não quero saber se acreditam ou não, pouco me interessa que se riam ou que fiquem a pensar em mim como se fosse maluco. Eu vejo vultos. E agora vejo o vulto de um gato. Ou melhor, de uma gata.

- Anda…

3 comentários:

Anónimo disse...

ó pá!... acredito plenamente. pobre gatinha...

Anónimo disse...

eu acredito.

Anónimo disse...

Que os vultos te visitavam já eu sabia. Agora vestiram-se de gatinha... Energias positivas, Strange!!