Rivais
Ele acordou. Manteve-se de olhos fechados, mas sabia que estava acordado porque ouvia a gata a miar no quarto ao lado, a pedir para a deixarem ir beber água. Levantou-se, abriu a porta do quarto ao lado e voltou a deitar-se. Algum tempo depois, um ronronar acompanhava o subir e descer da respiração do seu peito. Abriu os olhos e fez “psst!”, o que fez com que dois olhos amarelos se abrissem em frente dos seus. Lembrou-se de lhe terem falado de um documentário sobre mortes causadas por ataques de gatos e perguntou à criaturinha que agora olhava para ele se ela, por acaso, não trazia uma faca ou uma pistola à cintura, por baixo do pêlo… A única resposta foi “miau", um “miau” prolongado e muito arrastadoa ele se ela ara ele se ela e perguntou-lheos dele e serque n, quase como o balir de um cabrito! Riu-se. Dobrou as pernas, erguendo os joelhos, e o movimento súbito assustou o cabrito que miava e ficou de novo sozinho. Doía-lhe um joelho, inchado e marcado, mas sabia que, se tivesse oportunidade, nesse mesmo instante sairia de casa para se encontrar com os outros. Levantou-se, vestiu-se e tomou o pequeno-almoço. Pensou no que estaria o outro a fazer…
Ele fechou a porta do quarto. Sentia frio, mas ainda era muito cedo para se deitar. Retomou a leitura; em breve acabaria o livro com o seu nome. Não via ninguém há bastante tempo e não queria saber disso para nada. Sentia-se bem, frio e sozinho, mas bem. Passaram 2 horas antes de se aperceber de que estava cansado. Doíam-lhe as costas. Levantou-se, silenciosamente. Passou os olhos pelas estantes como que a decidir-se que livro leria a seguir. Nesse momento, apetecia-lhe escuridão, contos rápidos de macabro e esoterismo, de sombras que se revelam gatos que se revelam demónios que se revelam a própria alma da personagem principal. Preparou-se para se deitar. Lá fora, um gato miou e outro respondeu-lhe, na escuridão. Pensou no que estaria o outro a fazer…
Ele e ele nasceram no mesmo dia e à mesma hora. Nem um segundo separou o nascimento de um e de outro. Noutros tempos, em eras de magia e fantasia, uma profecia teria sido criada:
“Duas almas nasceram como uma só,
O destino de ambas, unido pela carne.
Uma caminha na Luz e à Fortuna agradece,
A outra cavalga nas Trevas e nada teme.
Uma terá ajuda com um sorriso,
A outra comandará exércitos com o olhar.
O mesmo Destino espera as duas
E, por ele, se destruirão.”
5 comentários:
encontrei algo familiar, mas não ouças o que digo e depois acontecem cenas daquelas tipo «ex-namorada no metro!» ah, pois é! eu é que sei! por falar nisso, quando é que chega o carlos? nao é hoje?
.j.
é bom, saber estar comnosco mesmo!
quem não sabe estar só, não sabe estar com os outros.
suspeito de uma suavização no viver, um relaxamento e uma paz.
coooool!
ui, os outros...
bem, amigo, que texto delicioso. adoro os teus pormenores e o teu gato pseudo-assassino :)
entretanto... A MINHA ROUPA DE SUPER-HERÒIA, PÁ???
.j., confia em mim, toda a vida tive gatos e tinha mais a recear de mim próprio do que deles! E isso da ex-namorada, bem, já viste o que era se de cada vez que houvesse alguém que não queria ver tu tivesses que me dar boleia???
Pinky, sim, é bom saber estar connosco mesmo, mas porque dizes isso? E que fazer quando nós mesmo somos 2 pessoas (bastante) diferentes? E, já agora, sabes dizer-me porque é que há 3 capas diferentes para "Jonathan Strange e o Sr. Norrell"?
Polegar, os outros são uns sacanas! Convidam para um jogo amigável de futebol e depois dão pancada em tudo o que se mexe! E não insultes a Tufas, é uma GATA... ;) Roupa de super-heróia?! Qual roupa de SuIIIIHHHHHH!!!Os fatos de super-heróis!!! Esqueci-me de os ir buscar à lavandaria!
lol, Helder, se isso acontecesse e eu tivesse sempre o carro comigo (a maior parte das vezes também ando de metro, sabes?!), mas estava eu a dizer, se isso acontecesse, eu não me importava nada ;) era da maneira que ficava a conhecer melhor a tua terra! ;)
mas ha assim tanta gente que não queiras ver?! hummmm... ;)
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