20/11/2004

Ainda a visão - o regresso do caos

Enlouqueço.

Lembro-me de ti e enlouqueço a cada recordação.

Impludo de raiva pelo que fiz

E sinto a Loucura chegar.

Começa por uma vontade de chorar;

Engulo em seco, fecho os olhos e cerro os dentes.

Depois, o nó na garganta;

A vontade de berrar, de gritar, de bradar aos céus:

“O QUE É QUE TU QUERES DE MIM?!”,

Mas, sem resposta, sufoco o grito e choro,

Uma única lágrima que logo seca

Porque a cara arde, sem se ver.

Enlouqueço.

Lembro-me de ti e enlouqueço a cada recordação.

Impludo de raiva pelo que fiz

E sinto a Loucura chegar.

Apetece-me abrir o peito e arrancar o coração com as próprias mãos.

Disse-o uma vez e agora repito-o.

Sinto a Loucura chegar.

E então, acontece;

Já não consigo engolir as lágrimas;

Já não consigo sufocar o grito;

Choro, grito, por fim enlouqueço.

E nessas lágrimas toda a minha alma escorre,

Evaporando-se e tornando-se para sempre em nada,

E nesse grito mil palavras são ditas,

Mil expressões de dor vociferadas

Que tento que cheguem ao céu,

Onde Ele está, observando o Caos,

O Desespero, o Abismo que Ele próprio criou ao fim de sete dias

E com o qual agora Se diverte

E Se masturba ocasionalmente:

O Amor…


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