04/02/2008

Somos como gatos

Andamos como gatos pela casa,

Nus em pêlo, vagueando entre paredes.

Roçamo-nos um no outro –

Pequenos encostos e embates rasantes,

Despertando carícias na pele,

Com o pêlo eriçado em riste.

Deitamo-nos enroscados num nó,

Não sabendo que corpo lavamos,

Lambemos, esfregamos, cheiramos,

Luzidios, brilhantes em frente à lareira,

Procuramo-nos.

Tocamo-nos.

Rodeamo-nos.

Ronronamos.

Arfamos.

Berramos,

Como os gatos que no telhado se agitam

E se mordem e se exploram,

Amando-se até à exaustão,

Como se as telhas exalassem um qualquer afrodisíaco,

Agarrando-os, forçando-os para baixo,

De encontro um ao outro, pêlo com pêlo,

Pele com pele, saliva com saliva

E aqui já somos nós, no chão em frente à lareira,

Na cama, na cozinha, na banheira,

Amamo-nos como gatos no cio,

Com força, com paixão,

Amamo-nos até as forças nos abandonarem!

E depois… amamo-nos mais um pouco.

Enroscamo-nos um no outro.

Trocamos olhares esguios e turras de afecto.

Como se fossemos… gatos…

3 comentários:

pinky disse...

lindoooooooooooooooooooooo!
bravo! estou a ver que andamos inspirados ;) coooool!

Anónimo disse...

escreveste bem...muito bem...e eu que não gosto de gatos (mas não lhes desejo mal).

O Estranho disse...

Pinky, nunca te cheguei a agradecer o mail... desculpa. Beijinhos
Nuno, meu rapaz, imagino como te deves sentir. Espero que não precise de dizer que sempre que precisares de falar...